Blog de divulgação da V Maratona de Monólogos de Canela, edição 2015, com objetivo de integração e oportunidade de congraçamento e aprendizagem da classe teatral na Serra Gaúcha, um grande encontro fomentando o intercâmbio e buscando aprimoramento técnico.

terça-feira, 7 de agosto de 2018

A Maratona e sua poiesis em Canela...

Troféus criados por Rita Gil
Créditos de Sérgio Azevedo


Jorge Dubatti traz, em O Teatro dos Mortos, uma proposta de conceitualização para as artes cênicas, partindo do princípio do teatro como acontecimento, algo que acontece e em que se dá a construção de sentido. Partindo desta perspectiva, o autor considera o teatro como um conceito que inclui a dança, o teatro de animação, a performance, o novo circo, a narração oral, o clown, stand up, entre outros acontecimentos que compreendam o convívio, a poiesis corporal e a expectação. Ele defende a utilização do termo 'teatro' a partir da sua concepção etimológica, derivada da palavra grega "théatron" que "incluem, direta ou indiretamente, territorialidade, convívio, poiesis, expectação, os acontecimentos inevitáveis do acontecimento da cultura vivente que estudo".
Teatro, portanto, em sua definição pragmática, "é a zona de acontecimento resultante da experiência de estimulação, afetação e multiplicação recíproca das ações conviviais, poéticas e expectatoriais em relação de companhia. É o espaço de subjetividade e experiência que surge do acontecimento de multiplicação convivial-poética-expectatorial".
O retorno da V Maratona de Monólogos em Canela traz para mim a necessidade de falar desse evento e dos processos criativos que passaram pelo palco nestes seis dias. Discutiu-se teatro, artes, performance, palco como transposição de questões sociais, crítica teatral entre tantas outras coisas. Mostra Universitária, Mostra Estudantil Concorrente, Sessão Descentralizada com trabalhos que marcaram outras edições, quatro oficinas gratuitas, dezesseis monólogos em cena. Literalmente em Canela nestes dias de maratona, assim como Dubatti, vimos uma construção de sentido, onde além da observação das práticas que passavam pelos palcos, podemos discutir o pensamento dos artistas, dos técnicos, dos espectadores e do que é gerado a partir dessas apresentações. 
Se faltou espaço cênico em função de teatros interditados, tivemos que abrir os olhos para novos espaços e o Salão Centenário do Grande Hotel Canela acolheu de forma interessante o público, com sua historicidade e energia instigante. Cada parede ali tem história. E teatro, para os verdadeiros amantes das artes cênicas, é pura história. Se faltou maior valorização dos artistas locais que acabaram indo somente nas suas apresentações, ou nas dos colegas preferidos (isso é normal em todo lugar) tivemos um público do Ensino Médio participativo na Mostra Universitária e artistas de outras cidades acompanhando toda a programação da maratona ou participando das oficinas gratuitas. Uma mesma moeda, dois lados. Prefiro  sempre olhar o lado positivo. Tivemos um respaldo da imprensa do Estado que não só divulgou, prestigiou e abriu portas para a Maratona de 2019. Isso é mérito da qualidade e importância deste evento que ficou quatro anos se acontecer. 
O apoio da Prefeitura Municipal via Departamento de Cultura (Tiago Melo) foi imprescindível para o retorno do evento. O Tiago já havia sido jurado da maratona e sempre elogiou o evento. Veio dele a possibilidade de retomada durante e a Temporada de Inverno de Canela. E assim aconteceu! Seguimos projetando e repensando a maratona de 2019. Esta serviu para instigar ainda mais nossa vontade de insistir e fazer acontecer...
Obrigado a todos que de uma forma ou de outra prestigiaram, apoiaram, divulgaram, falaram, apresentaram, discutiram, julgaram, aplaudiram este evento. 

Lisiane Berti
Coordenadora de todas as edições da Maratona de Monólogos

Para quem não sabe:
  • Jorge Dubatti, argentino, é um dos principais nomes da historiografia e da crítica teatral da América Latina, fundador da Escola de Espectadores de Buenos Aires,  autor do livro "O teatro dos mortos: introdução a uma filosofia do teatro", lançada pelas Edições Sesc por Sérgio Molina.
  • Poiesis - A ação ou a capacidade de produzir ou fazer alguma coisa, especialmente de forma criativa.

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